quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Mãe






Sabes mãe, apesar da tua morte

 o meu coração cresce em cada ano do teu aniversário.


Guardo a tua voz, o teu cheiro flor de jasmim, 

guardo o teu colo no meu jardim de rosas.


E o meu amor cresce e cresce,

 num coração onde cabem todas as estrelas em que eu te vejo .


Sabes mãe, eu sei que um dia encontrar-nos-emos

 na estrela mais brilhante do firmamento, 

por isso

 guardo as palavras que não te disse,

 palavras que o tempo não me deu tempo.


Mas,

 agora és a rosa mais viva do meu jardim.


Amo-te

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Noite



Fotografia de https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography


Longe vai a noite quebrando os muros do tempo e eu pego pedaços de prata caídos do céu.

Tento agarrar as sombras que os espelhos me devolvem num prazer nostálgico que só o sono, esse sono retardado, me entrega.

Levitam as flores sob a dança das estrelas alimentando-me a saudade do que foi o teu corpo, sombra perfumada nas sombras da noite.

Despojo-me no leito suado marcado de sonhos e é então que te sinto, aroma nocturno.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Escrevo (ou não) o amor

Fotografia de https://www.facebook.com/JCarvalhoPhotography



Quero escrever amor, romântico ou não, incondicional ou não

Escrevo algo parecido com poesia, onde a emoção pinta as palavras e a maresia perfuma o papel 

deixando-me a pele com sabor a sal e a alma inquieta vagueando nas marés.

As palavras insistem em sair incertas, neste amor que transcende o carnal, inspirado no manto de 

sol que de dourado cobre a pele. 

E ainda assim, o canto dos lobos desperta-me para uma dúbia existência terrena, onde a vida 

escancarada me retorna o eco da montanha e eu tento, outra e outra vez, escrever o amor.

Podia escrever assim, simples, um pedaço de silêncio.