quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Outono




Estás sentado na tua cadeira onde te despedes do tempo, esse tempo que o Outono leva nos ventos do norte.

Dessa cadeira onde a melancolia te balouça, os sinos te despertam para as ave-marias, onde a tua alma se recolhe num misto de remorso e paz, e rezas que o falcão te leve, numa dessas alvoradas trajadas de cristais.

As folhas caem naturalmente, e esse Outono te toca, quando fechas os olhos e te entregas, numa metamorfose que não deixa morrer.

domingo, 23 de setembro de 2012

A Dança





Quero dançar despida de trapos, a mente aliviada de farrapos, seguir ao ritmo das ninfas, beber a sabedoria dos elfos, numa floresta onde só o silêncio me ouve.
Quero dançar ao som das ondas, no ritmo do vento que me leva em busca do azul, nesse universo índigo onde desaparecem as palavras e sinto a embriaguez da luz, que me veste de estrelas, e perfuma de maresia à luz da lua.
Olho-me na pedra de jade, e danço com os espíritos ondulantes, o bailado dos astros, que me levam para o essencial do mundo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Em busca da beleza





Procurei a beleza nos rostos maltratados,
Nos olhos marcados pela desesperança
De quem olha o ocaso como por acaso

Procurei a beleza na indiferença das gentes
Que contempla o extermínio da mente
De uma humanidade que morre de tudo

Procurei na espécie humana
Aquela beleza que
 apesar da banalização da tristeza,
da fome e da guerra,
vive numa humanidade encantada

Procurei essa, que vive no amor

 

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Sem Mudança










Sinto-me igual, sem a mudança latente dos tempos,  embebida da vã sabedoria dos homens que me provoca um orgasmo mental, e da fútil sensação de beleza falsa,  neste pedaço de mundo que não pedi.

Talvez sinta apenas aquela leve melancolia, justificada pelos fins de tarde,  apesar de cúmplice da minha existência.

Sinto-me igual a mim, menos céptica talvez, de tanto ver a metamorfose que faz nascer as borboletas.

Será talvez por não pedir mais pedaços de mundo,  que me acomodo na paz da minha essência,  e tento desse lugar, apagar o meu nome?

Quem sabe se dormir, no meu corpo sem idade...